sexta-feira, maio 2, 2025

Células-Tronco reprogramadas curam cegueira de córnea pela primeira vez

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Pela primeira vez na história, pesquisadores conseguiram restaurar a visão de pacientes que tinham danos severos na córnea, utilizando uma cirurgia inovadora com células-tronco reprogramadas. 

O estudo, detalhando o sucesso do procedimento, foi publicado na revista científica The Lancet.

Essa conquista representa um passo importante na busca por tratamentos contra a perda de visão causada por problemas na córnea, a camada transparente na frente do olho.

Os pacientes tratados no estudo sofriam de uma condição específica chamada deficiência de células-tronco limbares(LSCD). 

Isso ocorre quando as células-tronco naturais do olho, localizadas em uma região chamada limbo, são destruídas por doenças genéticas, queimaduras, infecções, etc. 

Sem essas células-tronco, a córnea não consegue se renovar adequadamente, perde sua transparência e é coberta por tecido de cicatrização, tornando-se opaca e bloqueando a visão. 

O resultado do estudo japonês foi animador: três dos quatro pacientes tratados recuperaram parte significativa da visão, com seus olhos voltando a ter uma aparência clara e brilhante.

Como exatamente os cientistas chegaram a este resultado? 

O processo envolveu uma combinação de tecnologias avançadas e um procedimento cirúrgico delicado, que pode ser entendido em algumas etapas:

Primeiro, é preciso entender o desafio 

Tratar a LSCD é complicado. O transplante de córnea tradicional, usando tecido de um doador falecido, muitas vezes não funciona bem nesses casos ou pode ser rejeitado pelo corpo do paciente

Usar células do outro olho do próprio paciente, quando possível, exige uma biópsia invasiva

Era preciso encontrar uma nova fonte de células saudáveis para reparar a córnea danificada.

Pesquisadores usaram nova tecnologia que permite “reprogramar” células

A solução encontrada pelos pesquisadores da Universidade de Osaka baseou-se em uma tecnologia que rendeu o Prêmio Nobelem 2012: as “células-tronco pluripotentes induzidas”, ou iPSCs.

Essa técnica permite fazer algo que parece ficção científica: pegar células adultas comuns, como as do sangue, e manipulá-las em laboratório, “reprogramando-as” para que voltem a um estado parecido com o das células-tronco embrionárias

Ou seja, elas se tornam células “coringas”, capazes de se diferenciar e dar origem a diversos tipos de tecidos do corpo, incluindo o da córnea.

Com essa ferramenta em mãos, os cientistas japoneses realizaram o passo seguinte. Eles pegaram células do sangue de um doador saudável e aplicaram a técnica para transformá-las em iPSCs.

Depois, orientaram essas iPSCs a se diferenciarem especificamente nas células que formam a camada superficial e transparente da córnea

Esse processo levou à criação, em laboratório, de uma fina “folha” de tecido corneano novo e saudável.

Médicos substituíram a córnea natural pela artificial

A última etapa foi a cirurgia nos pacientes. Os médicos primeiro removeram cuidadosamente o tecido de cicatrização que deixava a córnea opaca

Em seguida, transplantaram a “folha” de células novas, criada em laboratório, sobre a superfície do olho do paciente. 

Essa nova camada foi fixada com suturas (pontos) muito finas. Para garantir a proteção do transplante e auxiliar na cicatrização, uma lente de contato terapêutica foi colocada sobre o olho.

Dois anos após a cirurgia, realizada em 2019, os resultados foram avaliados. Três dos quatro pacientes tiveram uma melhora considerável na visão, sem sinais de rejeição ou efeitos colaterais graves

Embora ainda existam desafios, como o custo e a necessidade de mais testes, a pesquisa japonesa demonstra o potencial real da medicina regenerativa e das células-tronco reprogramadas

Fonte: Brasil Paralelo

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